Oferecido por

Por Jornal Nacional


Acordo adia votação do relatório da reforma da Previdência na CCJ

Acordo adia votação do relatório da reforma da Previdência na CCJ

Um acordo de lideranças no senado adiou a votação do relatório da reforma da previdência na comissão de constituição e justiça

Plenário da comissão vazio. O relator da reforma da Previdência, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que foi surpreendido.

“Evidente que estava preparado para ser hoje. Acho um erro adiar a Previdência. O Brasil todo está esperando por isso. Mas vamos obedecer às lideranças”, afirmou.

A presidente da comissão, senadora Simone Tebet (MDB-MS), também reagiu.

“Confesso, contrariada, que houve um erro de estratégia. Não é o momento de sinalizar qualquer dúvida para a sociedade em torno da reforma da Previdência. Mas, como não somos líderes e houve uma determinação dos líderes, cabe a mim apenas cumprir a decisão da mesa diretora”, disse.

Por trás do cancelamento, uma reação de um grupo de senadores, comandada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, à operação da Polícia Federal na semana passada.

A operação foi realizada com autorização do ministro do STF Luís Roberto Barroso. O alvo foi o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, do MDB.

O grupo considera um desrespeito à harmonia entre os poderes a entrada dos policiais no Senado sem autorização do comando da casa.

Alcolumbre negou que o adiamento da reforma da Previdência seja uma ação corporativa, que prejudica uma pauta de interesse da sociedade.

“Não existe isso de ação corporativa. Existe um poder com recurso legítimo da mesa diretora do Senado em relação a uma ação de outro poder nesta casa. O calendário não foi alterado. Tanto é que, no acordo, nós vamos votar na terça na CCJ e à noite no plenário. Ou seja, continua o prazo estabelecido”, explicou Alcolumbre.

O líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), apoiou o presidente do Senado.

“Nós não estamos prejudicando a Previdência, ao contrário, nós estamos construindo uma solução para que nós possamos ainda, se Deus permitir, a votação da Previdência no mês de outubro no Senado da República. Acho que o Senado tem cumprido seu papel e o que nós estamos tratando aqui é do respeito à Constituição”, disse.

Mesmo com a nova sessão marcada para a terça-feira (1º), o líder do governo disse que foi uma ação corporativista em detrimento de um interesse da sociedade.

“É uma forma protelatória realmente a suspensão das atividades da CCJ para votar a Previdência, também o compromisso no calendário de levar a votação à noite”, afirmou o senador Major Olímpio (PSL-SP), líder do PSL.

O líder da Rede também atacou a articulação.

“O Congresso brasileiro não pode parar de trabalhar por conta de suas vicissitudes. Eu lhe digo: o que está acontecendo no dia de hoje no Congresso Nacional não é o triunfo da velha política, é o triunfo do que tem de pior na política, os interesses corporativos individuais à frente do debate da sociedade brasileira”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido.

Oficialmente a explicação do senador Davi Alcolumbre para adiar a votação na CCJ foi para que alguns senadores pudessem participar da audiência com o presidente do Supremo. Eles foram apresentar ao presidente da corte, Dias Toffoli, um recurso contra a operação da PF na semana passada.

“Vamos procurar, evidentemente, instituir esse pedido, ouvir o relator, suas razões, vamos conversar com colegas e depois iremos analisar esse pedido. A questão da atuação direta da polícia sem o aval da PGR é um tema que não há precedente do colegiado, que me lembre. Tem que conversar com os colegas se acham o tema importante no sentido de ser algo para deliberação no plenário”, disse Toffoli.

Durante a tarde, Fernando Bezerra Coelho pediu ao Supremo que as provas coletadas na operação sejam consideradas ilegais. A defesa alega que a PF não cumpriu a ordem do ministro Barroso de justificar a relação do objeto apreendido com a apuração.

A Polícia Federal afirmou que não se manifesta sobre decisões judiciais e que é lícito e natural que as partes do processo busquem, na Justiça, o reconhecimento de suas demandas. O ministro Luís Roberto Barroso não comentou.

O Supremo Tribunal Federal tornou público, na noite desta terça-feira (24) o relatório parcial da Polícia Federal sobre a operação no Senado. A polícia relatou a apreensão, na casa do deputado federal Fernando Coelho Filho, do DEM, de R$ 55 mil em dinheiro vivo, divididos em envelopes.

Já no gabinete do senador Fernando Bezerra Coelho, os agentes encontraram um HD de um servidor com uma planilha considerada suspeita, contendo, segundo a Polícia Federal, uma relação de doadores ocultos. De acordo com o delegado Wedson Lopes, que assina o relatório, é preciso analisar melhor o material para uma devida conclusão.

Veja também

Mais lidas

Mais do G1
Deseja receber as notícias mais importantes em tempo real? Ative as notificações do G1!